11 junho 2008

Marxismo: A Rota para o Comunismo

comunismo tem várias acepções. Em seu sentido amplo, o termo designa toda a doutrina que concede à comunidade direitos e prerrogativas que, em força da lei natural ou de leis positivas comumente aceitas, se atribuem ao indivíduo. Historicamente, podemos percebê-lo no livro A República, de Platão, quando trata da educação dos guardiões. Tipos de comunismo encontramos, também, na primitiva comunidade cristã de Jerusalém e nas comunidades monásticas e religiosas da Idade Média.

comunismo pode e deve ser visto de forma ampla. Contudo, quando falamos de comunismo, quase sempre queremos nos reportar à definição empregada por Karl Marx e Friedrich Engels. Para Marx e Engels, o comunismo é o estádio da sociedade humana onde não mais existiriam exploradores e explorados, onde a exploração do homem pelo homem tivesse chegado ao seu fim. O homem, a sociedade e a natureza formariam um todo harmônico; o sonho do Homem Integral estaria realizado.

Para que a humanidade atinja esse estádio, há necessidade de uma fase intermediária, denominada de socialismo científico, em que a ditadura do proletariado se incumbiria de realizar a transformação – do capitalismo para o comunismo. Tirou essas conclusões observando a luta de classes no processo histórico e, mais especificamente, aquela travada na Revolução Francesa, em que os ideais de liberdade ecoavam por toda a parte.

A mais-valia é a sua tese central. Nela está implícita a distinção entre valor de uso e valor de troca. O valor de uso de uma mercadoria é o grau de satisfação de uma necessidade. Exemplo: um par de sapatos atende à necessidade dos pés. Valor de troca é a avaliação monetária da referida mercadoria. Marx achava que o trabalhador recebia menos do que o seu valor de uso. Havia um excedente que ficava nas mãos dos proprietários, que por direito pertencia ao trabalhador. A isso deu o nome de mais-valia. Aí residiria a luta de classes, o germe que acabaria com o próprio capitalismo.

comunismo, sendo a última etapa do desenvolvimento de uma sociedade, não comportaria mais luta de classes, pois o sistema de produção tornou-se coletivo, onde todos os bens eram divididos igualmente. Nesse ponto, surge uma questão: como conviver com esse estado de coisas, se o ser humano não se preparou interiormente para tal aquisição? É por isso que o comunismo não prosperou no mundo todo. Faltou-lhe uma maior compreensão do psiquismo humano. Lênin, por exemplo, tentou aplicar a teoria marxista na Rússia, mas ateve-se somente à ditadura do proletariado, o qual ficou sujeito a um partido político.

Antes de implantarmos ideias novas, devemos preparar o ânimo daqueles que serão por elas influenciados. Sem isso, a derrocada é quase certa.

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A Queda do Comunismo

Linha do tempo

1985 — MARÇO Mikhail Gorbachev torna-se líder soviético e inicia um processo de liberalização e de reformas econômicas

1988 — MAIO Liderança comunista linha-dura na Hungria é substituída por reformadores JUNHO Intervenção de forças soviéticas para reprimir violência étnica na Armênia, no Azerbaijão e no enclave armênio de Nagorno-Karabakh NOVEMBRO Partidos políticos legalizados na Hungria

1989 — JUNHO Eleições livres na Polônia AGOSTO Na Polônia, a Solidariedade forma uma coalizão com os comunistas; milhares de refugiados da Alemanha Oriental começam a chegar ao ocidente através da Hungria e da Tchecoslováquia SETEMBRO Os comunistas são derrotados nas eleições livres da Hungria; início das manifestações de massa na Alemanha Oriental OUTUBRO A Hungria se declara república democrática NOVEMBRO Renúncia do governo da Alemanha Oriental; queda do Muro de Berlim; renúncia do líder comunista da Bulgária; manifestações em massa na Tchecoslováquia DEZEMBRO governo não comunista assume o poder na Tchecoslováquia ; derrubada violenta do regime comunista na Romênia

1990 — O Partido Comunista Soviético concorda em abrir mão de seu monopólio no poder. MARÇO A Lituânia declara sua independência da União Soviética; eleições livres na Alemanha Oriental MAIO Letônia e Estônia declaram sua independência da União Soviética; Boris Yeltsin é eleito presidente da Federação Russa, que se declara estado soberano JULHO Parlamento ucraniano vota pela independência OUTUBRO Reunificação da Alemanha Oriental e Ocidental

1991 — JUNHO Eslovênia e Croácia declaram a independência da Iugoslávia; surgem conflitos com o exército iugoslavo dominado pelos sérvios, levando à guerra civil AGOSTO Fracasso do golpe contra Gorbachev, que suspende o Partido Comunista; as Repúblicas Soviéticas restantes declaram sua independência e, no final de 1991, a União Soviética deixa de existir

1992 — JANEIRO Interventores da ONU para garantir a paz na Croácia; Macedônia e Bósnia-Herzegovina declaram independência da Iugoslávia ABRIL Sérvios iniciam o cerco de Sarajevo, capital da Bósnia JUNHO início da violência separatista no Cáucaso

1993 — JANEIRO Após um referendo, a Tchecoslováquia se divide em República Tcheca e Eslováquia

1994 — AGOSTO Guerra Civil na Chechênia entre grupos pró e anti-Rússia DEZEMBRO Forças russas entram na Chechênia

1995 — JULHO Massacre de milhares de mulçumanos bósnios por sérvios bósnios em Srebrenica AGOSTO Ataques aéreos da OTAN contra os sérvios da Bósnia NOVEMBRO Acordo de Dayton põe fim ao conflito na Bósnia   

1998 — MARÇO OTAN inicia ataques aéreos contra a Sérvia em resposta às atrocidades contra os albaneses em Kosovo

Extraído de: Crofton, Ian. 50 ideias de história do mundo que você precisa conhecer / Ian Crofton; [tradução Elvira Serapicos]. — 1. ed. — São Paulo: Planeta, 2016 



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