14 novembro 2016

Conservadorismo

conservador caracteriza-se pela defesa de um mínimo ético de valores morais estáveis; o liberal, pela maleabilidade da moral. O conservadorismo é o conjunto de correntes doutrinárias e de movimentos políticos que se baseiam no caráter orgânico e natural da sociedade política. Não existe conservadorismo, mas conservadorismos. O conservadorismo não é um grande Estado, socialismo, impostos altos e casamento homossexual. O pensamento conservador autodefine-se como "realista", pois se baseia na experiência, no que é, contrapondo-se ao idealismo utópico.

Benjamin Wiker, em seu 10 Livros que Todo Conservador Deve Ler: Mais Quatro Imperdíveis e um Impostor, diz que o pai do conservadorismo é Aristóteles, por que, ao contrário dos sofistas, defende que a vida política e moral são naturais. Eis alguns desses livros: Aristóteles (A Política), Gilbert Keith Chesterton (Ortodoxia), C. S. Lewis (A Abolição do Homem), Edmund Burke (Reflexões sobre a Revolução na França), Alexis de Tocqueville (Democracia na América), Friedrich Hayek (O Caminho da Servidão).

Extraiamos algumas frases ou pensamentos desses escritores. Aristóteles, por exemplo, ficaria surpreso com a tendência marxista para desintegrar a família natural. Como Aristóteles, Burke acreditava que a sociedade é natural para o ser humano; ela não é um tipo de contrato social artificial, defendida por Rousseau e acatada pelos radicais da Revolução Francesa. Hayek molda o seu processo para a liberdade econômica em termos de responsabilidade moral individual.

Todos somos conservadores, principalmente com relação à família, à amizade, ao emprego etc. Oakeshott diz: "Ser conservador, então, é preferir o familiar ao desconhecido, o testado ao nunca testado, o fato ao mistério, o atual ao possível, o limitado ao ilimitado, o próximo ao distante, o suficiente ao abundante, o conveniente ao perfeito, o riso presente à felicidade utópica".

Muitas pessoas comparam o conservador ao fascista, ao revolucionário e ao reacionário. Os termos "conservador" e "fascista" são incompatíveis entre si, porque ante os olhos dos conservadores tanto o fascismo como o comunismo adquirem contornos utópicos. O conservador tem o pé fincado no presente, no aqui e agora, e não na construção de paraísos futuros pela destruição do presente. O mesmo vale para o revolucionário (utopia futura) quanto ao reacionário (utopia passada).  


&&& 
(16/10/2020)

Hans-Hermann Hoppe, em Uma Teoria do Socialismo e do Capitalismo, mostra que o conservadorismo é também uma forma de socialismo, pois gera o empobrecimento,

Em sua explicação, parte do regime feudal, que era fechado ao comércio. Os mercadores, contudo, reivindicavam a sua abertura fazendo pressão sobre os senhores feudais. Contudo, foram as ideias de alguns pensadores que deram força ao liberalismo. “Dois Tratados do Governo Civil” (1688), de John Locke, e a “Riqueza das Nações” (1776), de Adam Smith, punham em dúvida a legitimidade dos vínculos feudais de sociedade contratual. A Revolução Gloriosa de 1688 na Inglaterra, a Revolução Americana de 1776 e a Revolução Francesa de 1789 espalharam uma nova esperança para o progresso futuro no caminho rumo à liberdade e à prosperidade. 

Todas as formas de socialismo são respostas ideológicas ao desafio proposto pelo avanço do liberalismo O desenvolvimento do liberalismo estimulou a mudança social. Nesse novo status quo, as pessoas puderam manter uma determinada posição social, adquirida por meio da produção mais eficiente com o menor custo possível, e exclusivamente através de relações contratuais no que se refere à contratação de fatores de produção e, em particular, do trabalho.

O antigo socialismo marxista e a nova social-democracia são as respostas igualitárias e progressistas a esse desafio da mudança, da incerteza e da mobilidade. O socialismo, da forma como eles concebiam, compartilhava com o liberalismo os mesmos objetivos: liberdade e prosperidade. Mas o socialismo supostamente melhoraria as conquistas do liberalismo pela superação do capitalismo.

Por outro lado, o conservadorismo é a resposta anti-igualitária e reacionária às mudanças dinâmicas que são desencadeadas por uma sociedade liberalizada; é antiliberal e, em vez de reconhecer as conquistas do liberalismo, tende a idealizar e glorificar o antigo sistema feudal como ordeiro e estável.

Para realizar esses objetivos, o conservadorismo deve defender, e de fato defende, a legitimidade dos meios não-contratuais de aquisição e conservação da propriedade e da renda que dela deriva, uma vez que foi exatamente a confiança exclusiva sobre as relações contratuais que causaram a própria permanência das mudanças na distribuição relativa da renda e da riqueza.



Nenhum comentário: